ATENÇÃO: Esta matéria pode conter spoilers para quem não acompanhou a exibição americana das séries!
Recordar é viver, então chegou a hora de relembrar o que marcou o mundo das séries neste ano que está terminando. Os dramas dos canais pagos deram um banho em relação às comédias. Emocionaram seus fãs, os levaram às lagrimas e, em algumas ocasiões, até provocaram revolta. Vamos recapitular o que de melhor aconteceu com estas séries e personagens que aprendemos a gostar:
10. The Walking Dead (AMC)
Muitos consideram que a segunda temporada cometeu alguns tropeços. Não tiro a razão dos reclamantes, mas o que não podem deixar de reconhecer é a ousadia do drama. Particularmente, cito a perturbadora sequência de cenas do último episódio do ano - o 7º -, onde há um massacre de zumbis sem dó, e a resolução do "mistério" da temporada envolvendo a garota Sophia. Baita coragem dos produtores de levar ao ar a morte de uma criança, seis episódios depois de quase matarem outra. 'The Walking Dead' é indigesta sim, tem seus erros sim, mas ainda assim é uma das poucas séries que não proporciona um entretenimento vazio. Você se diverte com a sangria desatada que rola na tela, mas a necessária amoralidade dos personagens também é levada a tona para você refletir.
9. American Horror Story (FX)
Outra série aclamada pelo público, mas desprestigiada pela crítica. Ganhou merecida indicação ao Globo de Ouro, por Melhor Drama, graças ao seu elenco de primeira que entregou atuações de corpo e alma. A casa assombrada é a protagonista da história, mas são os personagens - em grande parte mortos - que roubam a cena com suas frustrações, medos, angústias e devaneios. São fantasmas brincando de serem humanos, fantasmas querendo ser humanos e vivos convivendo com tudo isso ao redor, numa mórbida interação proporcionada pela casa. No começo, confesso que era uma salada esse universo apresentado pela trama. Mas logo a bagunça deu lugar a uma forte narrativa que sabia exatamente que caminho queria seguir. Nunca fomos enganados, porque a temporada de estreia terminou como o título sempre admitiu que terminaria: uma verdadeira história de horror americana.
8. Louie (FX)
Despudorado, antiético, sem papas na língua ou simplesmente maluco. Pode tachar o humorista que empresta seu nome à série do que for, mas o cara é muito engraçado. Ao longo de duas temporadas, ele já mexeu com gays, judeus, gordos e até Jesus Cristo, e apesar de suas piadas terem gosto duvidoso, te causam dor de barriga de tanto rir. O humor ácido e realista de 'Louie' aliado a sempre divertidos stand-ups fazem a comédia ser uma das melhores já vistas na TV.
7. Justified (FX)
Neste faroeste moderno, o detetive Raylan Givens impõe a lei nos criminosos mais barra-duras e sempre acaba conflitando com essa mesma lei por causa disso. E viva os conflitos, porque quase todos os momentos em que Raylan saca sua arma são os melhores apresentados pela série. É uma série policial que consegue fugir do lugar comum. A segunda temporada trouxe o melhor arco narrativo já desenvolvido por 'Justified' através da personagem Mags Bennett, mãe de família que gerencia negócios ilegais locais. Essa grande atuação rendeu o Emmy de Melhor Atriz Coadjuvante esse ano para Margo Martindale.
6. Sons of Anarchy (FX)
A série da gangue de motoqueiros deu uma derrapada na terceira temporada, mas voltou em ótima forma para sua quarta. A excessiva violência, marca registrada do drama, deu espaço dessa vez para o desenvolvimento de personagens. Também diluida este ano a "enrolação": arcos antigos foram encerrados e esperados conflitos se concretizaram. 'Sons of Anarchy' encerrou um ciclo com o quase assassinato de Clay e a ascensão ao poder de Jax, em sequências que injetaram adrenalina e tensão nas nossas veias. O futuro da série nunca pareceu ser tão promissor quanto agora.
5. Game of Thrones (HBO)
Não lembro de ter acompanhado uma luta pelo poder tão excitante. Talvez tenha exagerado um pouco, mas a HBO acertou em cheio nessa adaptação da fantasia romanceada do autor George R.R. Martin. Reis, rainhas, cavaleiros, bastardos, renegados e até dragões formam o atraente universo da série e travam batalhas num jogo perigoso onde só um de dois resultados é possível: ou você ganha o trono ou você morre. Fora o deleite de acompanhar os efeitos visuais, os diálogos são uma atração a parte. Riquíssimos e sempre carregados de emoção. É um grande épico.
4. Fringe (FOX)
O que dizer sobre a melhor ficção científica da TV atual? 'Fringe' explodiu cabeças na segunda metade de sua terceira temporada ao apresentar o surpreendente desfecho da possível colisão entre dois universos. A ameaça aparentemente resolvida trouxe um custo caro aos simpatizantes de Peter, já que o affair de Olivia deixou de existir para salvar o seu mundo - e o alternativo. Ficamos com o coração na mão nos primeiros episódios da quarta temporada, mas logo o conflito foi resolvido com o retorno do personagem. Que, novamente para a surpresa de todos, culminou em uma nova reviravolta na mitologia de 'Fringe': o surgimento de um terceiro universo alternativo. Pois é. A cria de J.J. Abrams nunca foi de fácil compreensão, porém, acompanhar semanalmente essa jornada que abraça o bizarro, o desconhecido e marginaliza a ciência de forma tão interessante, é uma experiência única.
3. The Good Wife (CBS)
Alicia Florrick não é só uma boa esposa, e a série jurídica não é só mais uma do gênero. Essa ambiguidade que povoa o rico universo de seus personagens. Ninguém é o que aparenta ser, e ninguém também é só o que diz ser. Claro, os casos da semana estão ali - e diga-se de passagem nem sempre se desenrolam nos tribunais -, mas o elenco é tão afiado e seus dramas pessoais tão instigantes que você acaba esquecendo que está assistindo uma trama girada em torno de uma firma de advocacia. Desde a primeira temporada 'The Good Wife' vem numa reta ascendente de qualidade e facilmente pode ser considerada a melhor série em exibição na TV aberta americana.
2. Homeland (Showtime)
Este tenso e extasiante thriller sobre terrorismo, sem dúvidas, foi a melhor estreia de 2011. Te deixa com os olhos grudados na telinha do começo ao fim de cada episódio. Também proporcionou a atriz Claire Danes uma das melhores atuações da TV como a desequilibrada, mas brilhante analista da CIA Carrie. Na série, o soldado Brody, dado como morto, retorna milagrosamente aos EUA oito anos depois de participar de uma missão no Iraque. Pela nação, é considerado um herói, mas a agente Carrie o enxerga como uma ameaça ao descobrir, no decorrer da trama, que o militar pode ter ligações com Abdu Nazir, um terrorista buscando vingança após uma grande perda pessoal.
1. Breaking Bad (AMC)
É uma das poucas séries que só melhora com o tempo. Prova é que apenas uma única cena do último episódio da quarta temporada, na minha opinião, foi suficiente para o drama conquistar o título de melhor série do ano. A cena em questão trouxe a conclusão do jogo de gato e rato entre Walter e Gus, que resultou na morte memorável (foto) do poderoso chefão do tráfico. Somente mais uma temporada conduzirá 'Breaking Bad' ao seu lamentável fim, mas suas possibilidades são várias. Bem como são grandes as expectativas para o desfecho de Walter. Agora que finalmente se livrou de seu arqui-inimigo, será que o ex-professor de química vai assumir seu trono? Ou voltará a ser um pacato cidadão? A dúvida fica, mas uma coisa é certa: o castelo de cartas que ele criou desde que entrou na vida do crime está prestes a ruir.
Mensões honrosas: 'Damages' (DirecTV), 'Friday Night Lights' (DirecTV), 'Southland' (TNT), 'Enlightened' (HBO) e 'Nikita' (CW).
Nenhum comentário:
Postar um comentário