segunda-feira, 8 de abril de 2013

In The Flesh não é apenas uma série de zumbis

Série britânica traz a tona a intolerância de uma sociedade conservadora
 
Em um primeiro momento você pode achar que a série britânica In The Flesh, exibida em 3 episódios pela BBC, é uma cópia de The Walking Dead, mas engana-se pois não é mesmo.
 
A única semelhança entre as séries são os zumbis, mas tanto o enredo como a dinâmica dos personagens são diferentes. Em In The Flesh somente alguns mortos, cerca de 140 mil, se transformaram em zumbis, e os atacados por eles não se transformam em errantes. Após o apocalipse zumbi, eles são resgatados pelo governo e tratados como doentes, para serem reintegrados à sociedade.
 
Preconceito, intolerância e discriminação são o ponto central da trama. Existem basicamente três linhas de personagens na série: o governo que busca curar os zumbis, ou portadores da Síndrome do Falecimento Parcial; os membros e simpatizantes da Força Voluntária pela Humanidade, que ao lado de militâncias religiosas, busca livrar o mundo da ameaça dos mortos-vivos; e os próprios pacientes que junto com suas famílias enfrentam a todo o momento sua condição passada e a nova vida.
 
In The Flesh tem como personagem central o jovem Kieran Walker (Luke Newberry), prestes a se reintegrar à sociedade. O garoto cometera suicídio após a morte do amigo Rick (David Walmsley) no Afeganistão, a série não deixa claro, mas dá entender que Kieran e Rick tiveram algum relacionamento homossexual, enquanto vivos.
 
Os mortos vivos são submetidos a tratamentos especiais para recobrar a consciência e voltarem à sociedade. Para isso, eles fazem uso de lentes de contato e cremes de pele para se passarem por pessoas normais. Além disso, usam uma medicação especial que controla os impulsos primitivos comuns a todos os mortos que voltam à vida, com isso ele deixam de matar e comer pessoas.
 
É importante lembrar que a história começa anos após a ameaça zumbi ter sido contida pela humanidade. A Força Voluntária pela Humanidade capturou muitos dos zumbis e estes foram submetidos aos tratamentos criados pelo governo. Após isso, a sociedade de Roarton busca se recuperar das feridas provocadas pela chamada Ascensão, ou a volta dos mortos.
 
Kieran tem que aprender a lidar com os pais, Steve (Steve Cooper) e Sue (Marie Critchley) e estes devem tentar levar uma vida normal com o filho regresso, ainda que a sociedade à sua volta seja marcada por um constante ódio pelos zumbis, comandado pelo vigário Oddie (Kenneth Cranham), pai de Rick, e líder de uma ofensiva contra todo e qualquer portador da síndrome. Kieran também tem uma irmã, que faz parte da Força, mas que sofrerá sérias mudanças de pensamento com a volta do irmão.
 
Criada por Dominic Mitchell, a série traz os zumbis apenas como pano de fundo, a real questão explorada pela série é o preconceito e a dificuldade de uma sociedade em aceitar o diferente. Assistindo a série eu pude perceber que se não fossem zumbis poderiam ser usuários de drogas, homossexuais, negros, judeus, qualquer outro tipo de minoria que se insere em uma sociedade conservadora e intolerante.
 
Viver escondido, com medo, adaptar-se e aceitar sua condição de vida, este é o ponto forte da série e por esse motivo vale a penas ser assistida e aplaudida. Uma pena que as séries britânicas em geral são curtas, no máximo 6 episódios, mas espero que a BBC nos presenteie com uma nova temporada.

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